quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ser Empreendedor






Este texto foi compartilhado pelo Blog Geração de Valor, um blog muito bom para quem gosta de "pensar fora da caixa". Você pode conferir o blog na integra clicando aqui.


(Texto para empreendedores que ainda não saíram do armário. Se você não se considera um empreendedor, caso leia, por favor não se ofenda)

Em um emprego convencional, ao dividirmos o salário pela quantidade total de horas trabalhadas no mês, chegaremos ao valor de sua hora de trabalho. Na prática, independentemente da área de atuação, é isso que o empregado está vendendo ao seu patrão: seu tempo. Ou seja, um empregado é um vendedor de tempo. No entanto, o tempo é um ativo finito, distribuído a cada um de forma igualitária, afinal, todos – sem exceção – competentes ou não, têm exatamente a mesma quantidade de tempo todos os dias: 24 horas.

Além do tempo que o empregado vende para a empresa na qual trabalha, ele também precisa de mais tempo para compromissos familiares, para dormir, exercitar-se, divertir-se, participar de ações sociais, viajar, ir ao médico, dentista, alimentar-se etc. Logo, como temos um tempo limitado e muitas outras responsabilidades, o modelo empreguista e celetista convencional jamais proporcionará a seus empregados um meio de realizarem com plena satisfação suas aspirações financeiras, familiares, sociais e de qualidade de vida, o que acaba gerando a médio prazo muita insatisfação e frustração.

Alguns ocuparão o topo da pirâmide das organizações, chegarão a cargos executivos e terão acesso, através de uma remuneração variável extra no final do ano, a ganhos um pouco mais privilegiados, dentro desse modelo industrial. Mas, em contrapartida, seu tempo será ainda mais absorvido com viagens, reuniões, videoconferências, congressos, eventos, cursos treinamentos etc. Ocupar uma posição executiva numa empresa importante não consumirá menos do que 70 horas semanais de trabalho intenso, sem contar com outras 20 horas, quando o cérebro do executivo está ligado em suas metas e compromissos enquanto está com sua família.

Ocupei uma posição como diretor de uma empresa bem cedo, aos 21 anos de idade, quando passei a conhecer essa rotina. Sempre encarei toda esta movimentação como um investimento, assumindo esse estilo de vida com alegria a fim de conquistar uma vida mais confortável para minha família. Afinal, era muito jovem, sem filhos e tinha a Luciana totalmente envolvida e alinhada com o mesmo projeto.

Como você pode perceber, existe uma grande distorção, deixando a grande maioria, em empresas privadas ou públicas, com perspectivas muito limitadas. Para resolver essa distorção, seria necessário falarmos de forma mais séria sobre empreendedorismo, mas infelizmente, pela livre iniciativa, estatisticamente já sabemos que na hora de correr mais riscos, a maioria sai de fininho e acaba abraçando de volta a prática convencional da venda de tempo. Mas o que eles não percebem é que, ao não assumirem esses pequenos riscos, eles acabam correndo um enorme e real perigo de passarem pela vida como meros pagadores de contas, como eles próprios testemunharam, em muitos casos, seus pais, vizinhos e amigos durante toda vida. 

Há uma frase muito famosa da conhecida afro-americana abolicionista Harriet Tubman que resumiria muito bem essa realidade e que dispensa de minha parte qualquer comentário:

“Libertei mil escravos. Poderia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos”.

A solução para quem deseja se libertar desse modelo seria o entendimento de que vender tempo, modelo trabalhista dominante, é uma atividade extremamente limitada, porque vender tempo é uma atividade personalíssima, afinal, seu tempo é apenas seu e não pode ser emprestado, doado, alienado ou alugado a ninguém. Isso significa que se você fica doente ou impedido de vender seu tempo, terá que sobreviver às custas do famigerado INSS.

Melhor do que vender tempo é vender o seu próprio produto ou serviço. Por isso, sugiro trocar o que você tem vendido nos últimos anos. Pare de vender seu limitado tempo e passe a vender seu próprio produto. Desenvolva sua marca, seu modelo de negócios, crie seus diferenciais em seu setor e venda sem limites. Sem limites de tempo, sem limites geográficos, em outros países, online, venda direta, com catálogo, no varejo, de porta em porta, com distribuidores, representantes comerciais, franquias, cadeias próprias de lojas etc.

Fazendo isso, você não será mais remunerado pelo relógio, mas sim pela performance de seu produto no mercado (dividendos). Sua capacidade de gestão e de criar processos eficientes dará a você a liberdade para usar seu tempo da maneira que você considerar mais produtiva em todos os setores de sua vida, pois você não será mais remunerado por ele, podendo, quando estiver nesse estágio evolutivo em seu negócio, planejar férias em baixa temporada sem filas e apagões nos aeroportos, conhecer outros países, outras culturas, idiomas, sem que a sua empresa perca performance, pois você terá tido o mérito de tê-la estruturado muito bem.

Mas se você não quiser parar por aí e continuar evoluindo dentro desse processo, em vez de ter o foco apenas no dividendo, resultado do desempenho de seu produto no mercado, você poderá subir mais alguns degraus e trabalhar pelo seu patrimônio (equity), ou seja, o valor de seu negócio. O valor de uma empresa pode ser medido pela sua capacidade de geração de caixa e avaliada através de balanços auditados e processos consolidados em seu segmento de atuação. Analistas e bancos especialistas em M&A, através de metodologias, como Discounted Cash Flow (DCF), por exemplo, estão aptos a fazer uma avaliação de seu modelo de negócios, encontrando investidores (fundos), competidores estratégicos ou até a possibilidade de abrir para o mercado (IPO). Nesse estágio, você passará a vender ações.

Comece vendendo seu tempo, mas se quiser mais da vida, pense fora da caixinha e venda seu próprio produto ou serviço. Agora, se desejar subir mais alguns degraus, conquiste o patamar que lhe tornará apto a vender as ações de sua companhia. Venda 1%, 20%, 50% ou até 100%, de acordo com a melhor estratégia. Aliás, sempre vale a pena lembrar que o prêmio máximo de um empreendedor é ver o seu empreendimento sendo reconhecido pelo mercado a ponto de ser comprado.

Em qualquer hipótese, seja vendendo tempo, produto ou ações, somente existirá espaço para os que produzem e têm performance. Frequentadores mecânicos de escritórios mal conseguirão manter seu emprego, ou seja, seu direito de vender seu tempo restrito para uma empresa em troca de um salário.

O que você anda vendendo ultimamente? Não pense pequeno, mas tenha a coragem de começar pequeno e crescer com seus próprios méritos. Você pode até não saber como e por onde iniciar seu projeto, mas só de começar a pensar fora da caixinha, muitas ideias vão começar a surgir.

Para finalizar, sempre aparece alguém me perguntando: “Mas, Flávio, e se todo mundo resolver abrir uma empresa? Quem é que vai trabalhar nelas?” Essa pergunta é clássica e, por isso, já vou deixar respondida por antecipação:

Se você fizer uma pesquisa com 1.000 pessoas e perguntar “Você gostaria de ser dono de uma empresa de grande sucesso e ter sua independência financeiras?”, 99,9% vão responder que sim. Mas, estatisticamente, na hora de pagar o preço, trabalhar 12 horas por dia e correr riscos, a maioria sai de fininho. Logo, estatisticamente, eu posso afirmar que empreender será para uma minoria mais corajosa, inconformada com o “lenga, lenga” corporativo e que não quer esperar 30 anos para começar a desfrutar, se tudo der certo, de uma qualidade de vida acima da média. Por isso, afirmo que minha expectativa quando escrevo este texto é de atingir uma pequena minoria. Na realidade, se apenas uma única pessoa for de fato impactada e resolver sair do armário para explorar mais de seu potencial, eu já ficaria muito satisfeito.

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